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Não existe lixo. Ou melhor: pode não existir. Em um produto bem feito não existe descarte, tudo é reaproveitado e reposicionado para fazer o ciclo completo, no modelo da economia circular, em que nada vai fora. Várias empresas colocam essa afirmativa em prática, usando lixo como matéria-prima para diversos objetos.
O conceito de lixo, como aquelas coisas sujas e sem valor, está ultrapassado. Agora, o valor está em não desperdiçar nada. Foi ao olhar para o potencial do lixo que a Ambev, gigante brasileira na produção de bebidas, alcançou o patamar de reaproveitar 99% de tudo que sobra na produção em suas 40 fábricas. Esse número inclui materiais orgânicos e inorgânicos.
Essa nova mentalidade vem em boa hora. O problema da gestão do lixo é grave e urgente. Nada desaparece, muito pelo contrário, continua em algum lugar do planeta – em geral prejudicando o meio ambiente. Os dados são alarmantes. Nas últimas três décadas, a geração de resíduos urbanos cresceu três vezes mais que a população. Isso porque as sete bilhões de pessoas produzem, por ano, 1,4 bilhão de toneladas de lixo. A média é de cerca de quilo por dia.
Mas os maiores geradores de lixo tem algo em comum: quase metade dessa quantia é produzida por 30 dos países considerados os mais desenvolvidos do mundo. E pode piorar! A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, em uma década, a humanidade vai atingir a casa dos 2,2 bilhão de toneladas por ano. Segundo relatório divulgado pelo Greenpeace no ano passado, as empresas Coca-Cola, PepsiCo e Nestlé são as que mais poluem o mundo com plásticos.
A falta de manejo do lixo é, ainda, uma realidade: 3,5 bilhões de pessoas não têm acesso à coleta e tratamento dos resíduos. A estimativa é do Guia de Estratégias Nacionais para o Manejo do Lixo: Mudando de Desafios para Oportunidades, organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O mesmo estuda ainda aponta outro problema: o destino desses lixos não coletados corretamente. Os resíduos vão parar em cursos d’água, contaminam os solos, a queima polui o ar e, o mais grave, são objetos que não serão reciclados.
Já diria Fernanda Cortez, ativista ambiental criadora do movimento Menos 1 Lixo, é preciso parar de chamar matéria-prima de lixo.
Empreendedores viram que isso não é benéfico apenas para o planeta, mas também para a própria empresa. A reciclagem de resíduos sólidos movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. Apenas em 2018, a Ambev arrecadou mais de R$ 115 milhões ao vender os coprodutos derivados do processo. Os coprodutos são vários. Um dos exemplos é a reutilização do bagaço de malte, que, com a ajuda da tecnologia, torna-se ração animal. Cada Cervejaria Ambev conta, também, com uma Central de Reciclagem, que vende os recicláveis. Os itens não reaproveitados somam apenas 1%.
“É preciso parar de chamar matéria-prima de lixo.”
O Grupo Bosh também virou essa chave. Com isso, deixou de mandar para os aterros sanitários 4,5 mil toneladas de resíduos nos dois últimos anos. A construção civil era a maior geradora de resíduos da empresa: hoje, as 1.900 toneladas são enviadas para britagem. Já os orgânicos, que somam 179 toneladas, vão para a compostagem. O lodo doméstico derivado do tratamento de afluentes também. A gestão dos orgânicos fez com que a Bosh economizasse R$ 200 mil, valor que era gasto com o descarte nos aterros.
A moda, um dos setores mais poluidores do planeta, também vê o crescimento de um movimento mais sustentável. O upcycling é um belo exemplo. A técnica consiste em dar um novo uso a materiais que seriam descartados. Os exemplos de empresas que seguem a lógica são vários, felizmente. A marca de acessórios Pablita é uma delas. Com pastilhas de vidro utilizadas em revestimentos e sobras de catálogos, a arquiteta curitibana Ligia Ferreira produz colares, anéis e brincos. A carioca Re-Roupa usa sobras de coleções antigas de grandes marcas ou peças de brechó para criar novos produtos. Já a paulista Comas faz bom proveito das camisas feitas pela indústria, mas que não passam no controle de qualidade devido a defeitos.
Há casos, também, em gigantes da área, como a marca petit h, do grupo francês Hermès. Pascale Mussard recolhe o material que sobra da linha de produção e o transforma em objetos de decoração e de arte. Isso mostra como esse movimento é mundial e já foi percebido por marcas consolidadas no mercado.
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O que você acha das empresas que usam lixo como matéria-prima?