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As ideias surgem de diversas formas em nosso cotidiano. Eventualmente, alguma dificuldade no trabalho foi o bastante para pensar: seria tão bom se tivesse algo que fizesse isso! Em outros casos, no intuito de criar algo novo, seja plástico como uma pintura, seja ferramental como uma linguagem nova de programação, o processo criativo também alimentou-se de referências adquiridas para criar ideias completamente novas.
Entretanto, até que ponto temos a segurança de que nossas ideias são realmente boas? Ou até que ponto temos convicção na efetividade do projeto? Será que não existe nada no mundo similar ao que imaginei? Estou apto para impedir todas as falhas do processo de desenvolvimento?
Perguntas como essas são naturais neste processo quando se pratica a reflexão sobre tudo o que idealizamos e projetamos, sejam serviços, produtos, espaços ou técnicas. Naturalmente, quanto mais know-how possuímos sobre uma área, mais aptos estaremos para desenvolver novas ideias enquanto elas estiverem dentro do campo de nosso conhecimento. Mas nem sempre nossas ideias se limitam a isto. Quem nunca, sem ser programador, já não pensou em uma ideia de aplicativo para celular?
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Quando a confiança na ideia que temos é alta, fruto tanto de confiança pessoal quanto na capacidade de resolução da inovação pensada, é natural que corramos atrás de informações que não possuímos, que se estude mercados novos ou até mesmo se aprenda técnicas antes impensáveis (mais uma vez: quem já não olhou curioso para linguagem de programação querendo fazer um app?). E aqui reside um sentimento comum ao ser humano e as condições atuais, mas que, se administrado, pode ser a alavanca que necessitava. Mas se não o fizer, pode ser exatamente a razão pela qual sua ideia fracassará.
Lembra daquele aplicativo de celular que você já pensou que seria genial se existisse? Pois bem, “você sabia que ele existia?” Ou “sabia que o Google lançou uma ferramenta que permite que ele exista?” “Conhece o Fulano? Ele tem uma pesquisa na área que pode te ajudar!” Frases como essas podem ser o estopim para que sua ideia se desenvolva ou ganhe corpo para novas etapas de desenvolvimento. Mas isso só foi possível a partir do momento no qual enfrentou-se o medo e compartilhou sua ideia com outras pessoas.
Normalmente, entre familiares e amigos, é onde as ideias casuais mais correm e circulam, mas é percentualmente onde menos se adquire conhecimento e informações relevantes para a realização dos seus projetos. Mas ao pensar ou ser sugerido para conversar com especialistas o medo bate: mas e se roubarem minha ideia? Essa declaração é comum em ambientes de startups, hackatons, empresas juniores universitárias e até mesmo em ambientes de trabalhos colaborativos. E é compreensível! Ninguém quer ver sua ideia, inovadora até então, ganhando vida nas mãos de outra pessoa.
O problema de dar vazão para este medo e não compartilhar e pedir sugestões e dicas para pessoas que tenham conhecimento específico do assunto é que, muito provavelmente, suas ideias, se crescerem, o farão em um processo lento e frágil. Ao se deparar com um fundo investidor, por exemplo, perguntas podem ser realizadas e que você talvez nunca tenha cogitado e as respostas podem lhe faltar, ou os dados exatos, ou até mesmo depois de tanto suor se deparar com um serviço já existente similar ao que você estava à meses desenvolvendo.
Sócrates em diálogo com um de seus discípulos discorre sobre a importância de trazer o Outro para o processo de auto-conhecimento. O pensamento inicia-se ao questionar sobre como podemos verdadeiramente nos conhecer. Sócrates compara o reflexo que observamos de nossa imagem em um lago com o reflexo que somos capazes de observar na superfície dos olhos das outras pessoas.
Ao observar, solitariamente, o seu próprio reflexo em um lago, todas as imperfeições que conhecemos, continuarão ali, como são, e todas as virtudes, igualmente. Mas, ao realizar esse processo através dos “olhos do outro” passamos a tomar conhecimento de formas distintas de nos observar, conhecendo novas imperfeições e novas virtudes, ou até mesmo reavaliando as que você, de forma isolada, considerava serem as únicas que possuía. Esse processo reflexivo e de autoconhecimento, fruto da provocação filosófica – Conheça-te a ti mesmo (gnhothi seauton, tradução literal da inscrição grega do templo de Delos), é extremamente revelador para nos conhecermos, demonstrando que a participação do olhar externo sobre nossa própria pessoa é vital para que tenhamos uma melhor definição de quem somos.
Quando aplicamos este raciocínio nas ideias que possuímos, porque seria diferente? O medo de compartilhar, seja de perder sua ideia para outras pessoas, ou até mesmo de ser julgado, não deve ser maior do que o desejo de refinar suas ideias. Como Sócrates bem nos demonstra, ao convidar o outro para o processo de avaliação, apenas refinamos ainda mais a precisão do que se está desenvolvendo. Lembre-se: quando estiver perguntando para alguém que, mesmo tendo mais conhecimento específico que você sobre a validade de uma ideia, por mais que essa pessoa queira replicá-la, ela ainda estará atrás de ti em todo o processo criativo e de refinamento, e essa vantagem sempre estará contigo. Principalmente se você praticar o diálogo com outras pessoas para desenvolvê-la.
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Em 1907, o matemático Francis Galton (1822 – 1911), acompanhou uma gincana de uma feira onde as pessoas tinham de acertar o peso de um boi e quem chegasse mais próximo do peso real ganharia um prêmio. Em mais de 700 chutes, os valores mais próximos ainda erravam em 20Kg, entretanto, ao realizar uma média entre todos os votos, o valor final foi apenas 4Kg de diferença. Esse experimento é um de muitos que se repetiram com o intuito de demonstrar que coletivamente as pessoas tendem a desenvolver e construir ideias, processos, serviços e produtos com um refino e complexidade maiores do que de forma individual e solitária.
Na recente mini-série desenvolvida pela Netflix, O Código Bill Gates, o fundador da Microsoft sugere uma prática saudável para a vida das pessoas e que é apenas mais uma das benéficas consequências do diálogo e troca de ideias.
Compartilhe ideias e feitos, o que fez, faz ou deseja fazer
A importância de compartilhar se dá no momento em que você, em uma conversa cotidiana ao lado da cafeteira do trabalho, se depara com um colega comentando sobre uma dificuldade que está tendo em um projeto, e você se recorda que na semana anterior, em uma visita a um familiar, um primo lhe disse que começou a trabalhar em conjunto com um profissional que resolve exatamente o problema de seu colega de trabalho. Essa rede de network, que tanto se fala nos tempos atuais, só é possível a partir do momento que compartilhamos o que fazemos ou pensamos, o que fizemos e o que pretendemos fazer. Hoje pode ser que seu sonho de ter um aplicativo de transporte de fastfood pode não ser tão possível, mas quem sabe daqui uns 12 anos, seu colega de trabalho, que tirava onda contigo, lhe telefone dizendo que conheceu alguém que está desenvolvendo novos drones capazes de carregar peso o suficiente para sua ideia se tornar real? Como saberia teu colega que tinha que te telefonar se você não tivesse compartilhado esta ideia?
O medo de perdermos nossas ideias para os outros é constante e nunca deixará de existir. Seja na vida profissional dentro da própria empresa, ou entre empresas concorrentes, seja na vida pessoal, artística, esportiva ou qualquer ramo que tenha hobbies. Mas se você desenvolve a capacidade de compartilhar suas ideias com os demais, buscar dicas, sugestões, críticas e avaliações externas, e constantemente compartilhar o que se faz e/ou deseja fazer, tenha certeza que suas ideias estarão sempre mais refinadas, coesas e melhor estruturadas que as dos que insistem, de forma solitária, a desbravar o mundo para darem vida às ideias que tiveram. A humanidade se fez coletiva (ou se consolidou de forma coletiva) e desta forma somos capazes sempre de muito mais.